Thursday, December 31, 2009


É... Até que 2009 não foi ruim, não. Posso dizer que cumpri muitas das promessas que fiz pra esse ano, o que me deixa feliz. Claro que ainda não está como eu gostaria, mas já estou mais perto do que ano passado. E espero que no próximo ano as coisas melhorem...

Começando por escrever mais!

Friday, November 27, 2009

Faxina no orkut

Hoje eu entrei no orkut e percebi o mundo de comunidades inúteis que eu tenho. Resolvi então fazer uma faxina.
É, as coisas mudam. As cabeças também. Antes eu achava que as comunidades poderiam ser um meio de expressão e até de diversão, e que quanto mais eu tivesse delas, mais legal iria parecer o meu perfil.
Agora eu não ligo muito pro que pensam do meu perfil. O que não me parece bom, no entanto, é que muitos daqueles grupos refletem alguém que eu não sou mais. E quando vi aquele mundo de comunidades, decidi que era hora de fazer uma limpeza.
Quando vi que precisava deletar uma a uma, veio logo a idéia de excluir o perfil e fazer um novo. Se o fizesse, teria de adicionar meus amigos de volta e minhas fotos também. Comparando as preguiças, fiquei com a de apagar as comunidades.
E nem dá pra comparar meu perfil com aminha vida, porque enquanto o orkut está cheio de coisas inúteis, até que na vida de carne e osso eu estou indo muito bem. Pra se ter uma noção, até nota boa eu tô tirando.
No fim, é com essa vida que a gente tem de se preocupar. É aqui que estão as pessoas, os sorrisos e os choros, a vida e a morte. Meu perfil ainda está bagunçado, mas enquanto a minha vida estiver boa, grande problema não será.

Wednesday, November 25, 2009

Tesoura de tempo


"À medida que você envelhece, diminuem as suas possibilidades."

Estava eu conversando com meu tio a respeito de meus planos acadêmicos, quando ele disparou essa frase. Apesar de tê-la achado óbvia na hora, ela me deu muito o que pensar nos dias seguintes.
A conversa mudou de "meus planos" para "o que temos em comum" ou ainda "o que você está fazendo da sua vida, rapaz?". Titio fez jus a seu sobrenome italiano: falava animadamente, gesticulando e conciliando paradas estratégicas com olhares incisivos.
Acabou-se a prosa e eu fui embora com aquela idéia. Então, começaram a pipocar figuras na minha cabeça que tentavam traduzi-la. A primeira era a de um foguete, especificamente no ponto em que se livra de seus muitos módulos de combustível. Antes eram um auxílio, mas depois de conumida a energia, nada mais são do que peso inútil. A partir daquele ponto os pilotos não têm muitas opções: ou eles chegam ao destino, ou não haverá muito que possam fazer.
Mas uma outra imagem, mais simples, me fez entender melhor. Nossa vida é como uma fita. A gente começa com uma fita grande, a perder de vista, mas que vai diminuindo dia após dia. O tempo vai consumindo a fita, até que não haja mais fita. Tudo que sobra são retalhos.
Nossa vida, nossas possibilidades, a tira, tudo fica em pedaços. Curiosamente, quanto menor for o pedaço que tivermos, mais pesado será. Até não sobrar mais nada. Nada pro tempo cortar.

Thursday, October 29, 2009

@ net eh lívre xD~

Na internet, qualquer um pode falar a respeito do que bem entender. Temos a língua e o rabo soltos no ambiente virtual. Nada de meias palavras, diriam os mais afoitos. Ou seria nada de palavras inteiras?
A rede é um ambiente muito democrático e, graças a essa característica, permitiu a propagação do conhecimento e da livre manifestação do pensamento, o que é maravilhoso demais mesmo pra minha geração, que já nasceu com a liberdade no colo.
O que me deixa incomodado nesse cenário tão belo é que algumas ciências simplesmente não acompanharam a evolução que a internet trouxe. Veja, por exemplo, a língua portuguesa. Mesmo em fóruns especializados, em qualquer que seja o tema, podem ser vistas grandes atrocidades quando o assunto é o correto tratamento do infeliz idioma. O pior de tudo fica por conta da baixa disposição que temos de querer seguir regras, ainda mais num ambiente em que elas tecnicamente não existem.
Se cada internauta escreve do jeito que quer, é um favor que faz à diversidade. A credibilidade do que é dito, porém, nem sempre goza do mesmo privilégio. É difícil levar a sério um palpite cheio de erros grosseiros, mesmo que o assunto seja importante ou que o conteúdo ali expresso seja de fato verdade.
Também não dá pra dizer que a maioria tenta escrever certo. Com tanto dicionário e site de gramática por aí, o mais provável é que isso simplesmente não seja um problema ou uma preocupação pra muitos de nós.
Bem que eu acho importante saber se expressar até na internet, mas jamais poderia culpar aqueles que exercem seu direito de escrever com menos rigor. Afinal, também eles não podem me condenar por não acreditar em tudo que leio. No fundo, é bom que seja assim. Pior seria se todo mundo fosse obrigado a escrever de um único jeito mesmo no mundo virtual. Se pelo menos a gente conseguisse guardar os erros só pra internet...

Wednesday, October 28, 2009

Sobre o destino

É estranho. Enquanto algumas pessoas simplesmente acreditam no destino, que seria uma sucessão de fatos aleatórios e inevitáveis, outras recusam tal conceito e lutam com unhas e dentes a fim de serem donas de seus respectivos narizes. Posso me considerar pertencente ao segundo grupo, mas é inegável que às vezes é necessário dar o braço a torcer.
Eis a nossa vida. Estamos todos correndo, tentando aproveitar o tempo e salvar a pele. O fato é que as atitudes das outras pessoas têm influência sobre as nossas vidas, e vice-versa. E por mais que tentemos, nem sempre somos capazes de prever com eficiência o que devemos fazer quando acontece algum revés.
Por isso mesmo, é bom lembrar que nossa independência em relação ao resto do mundo é limitada. Seja pela lei, seja pelo amor, ou por qualquer outra força maior do que a nossa, somos obrigados a fazer curvas e ter responsabilidades.
E antes que a auto-ajuda tome conta e flores voem pelo ar, duro é constatar que nem sempre os outros se encontram dispostos a cooperar com os nossos objetivos. Também não é da maior esperteza deixar que tudo se arranje por si mesmo. Afinal de contas, que motivos teria uma pedra para se mexer e rolar para o acostamento? Vai continuar sendo uma pedra no meio do caminho.
No fim das contas, importante mesmo é se mexer, reagir. Não significa, porém, que tenhamos de passar como uma patrola pelos outros. Significa que é bom querermos ser donos dos nossos narizes, mas também que devemos estar preparados pra possíveis reviravoltas. E sem culpar o alinhamento dos planetas.

Thursday, September 03, 2009

Barreiras humanas

Não faz muito tempo, escrevi aqui sobre uma dificuldade minha em cumprimentar pessoas, especialmente mulheres. Há muito tempo, porém, um outro apuro me aflige.

Que atire a primeira pedra quem sempre soube pra que lado ir quando cruzou com alguém que vinha em sentido contrário. Parece tão sem propósito sobre isso discorrer, mas as experiências vividas no dia de hoje mais do que justificam algumas considerações sobre tamanha hesitação.

O que me admira é que saber pra qual lado ir quando vem alguém nem sempre é um esforço consciente, mas em alguns casos, somos obrigados a interromper nossos pensamentos para encontrar uma solução pra esse obstáculo. E não é drama dizer que de vez em quando rola um constrangimento quando ambos os indivíduos vão pro mesmo lado.

A coisa fica boa quando as duas partes resolvem ir pro outro lado, um ato automático, a solução mais simples. O impasse, porém, permanece. Certa feita, numa dessas barreiras humanas, o homem que me barrava chegou mesmo a falar “eu vou pra cá, e você vai pra lá”, tão grande foi a indecisão naquele pequeno instante.

Talvez exista um pouco de orgulho em seguirmos no mesmo caminho até que uma mudança se torne inevitável. Pode ser também a mais pura desatenção, que é o que ocorre com este escritor.

E veja, na hora parece um tanto constrangedor que não consigamos nos decidir pra onde ir. Somos capazes de resolver problemas complexos e aprender coisas difíceis, mas engasgamos nossos passos muitas vezes durante a vida com esse pequeno impasse. Melhor mesmo é lembrar com humor esses episódios. Antes eu me irritava, hoje acho engraçado. As coisas mudam. Nossos caminhos mudam. Só não muda a necessidade perpétua de refinarmos nossa habilidade para nos desviarmos dos outros.

Sunday, July 12, 2009

Nada sob os pés

Existem esperiências pelas quais a gente nunca passaria se algo não desse errado. Foi o que aconteceu hoje.
Meu chinelo de dedo arrebentou-se enquanto eu corria pra atravessar uma rua. É uma mania que eu guardo de recordação da minha infância. Peguei o par, resmunguei um "dane-se" e continuei sem eles. Assim, tive a oportunidade de andar algumas quadras descalço essa noite, experência tão simples quanto assustadora, considerando-se os padrões de higiene que me foram ensinados.
Parece óbvio, mas é sempre bom deixar explícito: andar descalço na rua é diferente de andar descalço em casa. Tão estranho quanto os olhares que recebi das pessoas foi a sensação de tocar o solo, sentir em detalhes a textura do asfalto, da calçada, da terra e da grama. Quanto a meus pés, a princípio apressados, logo trataram de andar num ritmo regulado, porém analítico.
Pude então sentir o que sentem os miseráveis, aqueles que mal podem cobrir seu corpo e não têm o luxo de ter qualquer proteção sob seus pés. Cada passo pra eles é mais um passo rumo à incerteza. Não sabem se irão se machucar, tampouco podem se garantir que é certo o caminhar em direção ao seu destino. Ao andar descalço na rua, aprendi a escolher melhor os meus passos e a atentar para meus sentidos.
Quando cheguei em casa, tão limpo estava o piso, e tãos sujos os meu pés, que cada passo virava uma pegada. Lavados os pés e limpa a casa, não pude fechar os olhos enquanto não organizasse as ideias sobre esse episódeo e aqui o eternizasse, para me lembrar sempre das lições que jamais aprenderia se tivesse um chinelo mais resistente.

Wednesday, July 01, 2009

Balões de vida


Era uma manhã serena de sábado e eu e meu pai resolvemos aproveitar o sol ainda fraco pra correr um pouco. O céu azul era um convite ao passeio.
A princípio caminhando, seguíamos até o parque, quando por nós passou uma senhora em sua cadeira de rodas, também dando uma volta com sua cuidadora pra aproveitar o tempo bom. Instantes depois, passa por nós outra babá, empurrando um carrinho com um bebê a bordo. "Olha que coisa interessante", disse meu pai. E fiquei a pensar sobre aquilo durante a corrida.
Lá estávamos nós, cheios de fôlego e vigor, independentes e fortes. Um dia fomos tão desprotegidos e indefesos como o bebê, e é provável que num futuro ainda distante nos tornemos frágeis e dependentes como aquela senhora.
A vida é mesmo como um voo, mas seria ingenuidade compará-la a um avião. Ora, aviões decolam, voam e pousam autonomamente, e nós não. Não nascemos com asas ou motores - não externamente, pelo menos. Precisamos de algo que nos lance no ar e de sorte suficiente pra conseguir um bom tempo, uma vista agradável e um voo prolongado.
Quanto ao pouso? Bem, nada de rodinhas, amortecedores ou freios. Quando o declínio se anuncia, carecemos também de alguma assistência. O desgaste do tempo nos rouba um pouco da destreza e do traquejo que adquirimos enquanto voávamos.

No fim, talvez a gente seja mesmo como balões de água. Veja, eles também não têm asas nem motores, e precisam ser lançados ao ar para que voem. Também vêm em muitas cores e podem trazer diversas emoções consigo, a depender de quem os recebe. Além disso, todo balão de água um dia estoura. Podemos pegá-los com cuidado e dar-lhes alguns intantes a mais de decência e dignidade, mas no fim, tudo vira água.

Saturday, June 13, 2009

Desistir é humano

Houve um tempo em que eu achava que o ato desistir, por qualquer motivo e de qualquer coisa que fosse, era um ato que demonstrava fraqueza e submissão. Bem, essa minha forma de pensar mudou.
Hoje não entendo mais assim. O tempo passa e eu vou aceitando com menos resistência a ideia de ser humano, e por isso falho, sujeito à dor e à fadiga. A determinação de fato é um sentimento forte e que cria raízes dentro da gente, mas ninguém pode condenar outra pessoa pelo fato de ela ter desistido de algo.
Isso porque todo mundo tá sempre desistindo de alguma coisa, de algum comportamento ou de alguém. Abrimos mão de hábitos, paladares, costumes, amores, objetos e frases, substituímos de forma consciente ou inconsciente quase tudo que compõe a nossa vida. O que há de errado nisso? Nada. Na verdade, é muito bom que seja assim. Se fôssemos exatamente os mesmos desde o nascimento até a morte, que papel teria a criatividade ou para que serviria a mudança e a diversidade?
Desistir é uma atitude importante, mas nada de supervalorização. Não dá pra simplesmente jogar tudo pro alto e cruzar os braços. O quebra-cabeça não cai montado. Tão importante quanto abandonar o que não se quer mais é perseguir aquilo que agora apetece. Afinal de contas, é por isso mesmo que vale a pena desistir.
Há coisas, no entanto, de que nunca se pode desistir. Ninguém pode renunciar à sua humanidade, nem à sua identidade, nem aos seus princípios. São elementos que, por mais apagados que estejam, sempre irão compor o universo que é cada um. São a base da vida, constituem os fundamentos pra todo o resto, que cada um constrói à sua maneira.
Desistir pode ser sinônimo de inovação e crescimento, de reinvenção de si mesmo. Pode ser também fraqueza ou covardia, mas não serei quem irá dizê-lo. Só quem desiste é que sabe. Mais importante do que se preocupar com a vida dos outros é que cada um conheça a si mesmo e esteja sempre de olho pra saber quando é mais conveniente destruir para construir.


Friday, May 29, 2009

Bater perna é bom

Eu gosto de andar a pé. Gosto de subir escadas, de pedalar e de correr. Sinto-me bem com esses pequenos exercícios do cotidiano.
Outro dia ouvi alguém dizer "isso é mais fácil do que andar pra frente". As palavras entraram mansas na minha cabeça, sem provocar alarde. E numa das minhas caminhadas de volta pra casa, viajando no pensamento, fui sugado pra dentro dessa expressão.
Na verdade, andar pra frente é uma operação bastante complexa. Os que já tentaram andar de olhos fechados e os cegos que o digam. Caminhar em linha reta é um esforço que mal conseguimos notar quando estamos de olhos abertos.
Até o simples fato de colocar um pé a frente exige algum trabalho de nossos cérebros. E é algo de que nem nos damos conta na maioria das vezes, a menos que sejamos privados disso ou que levemos um tombo.
Fomos feitos para o movimento, faz parte de nós. Essa forma de pensar é tão presente em mim que me dou ao prazer de dispensar escadas rolantes, elevadores e automóveis sempre que possível. Andar, correr, pedalar e saltar são dádivas que nos levam aonde queremos, conferem a cada um de nós certa independência pra ir e vir. Precisamos usá-las enquanto estão presentes e funcionando, porque pode ser que, um dia, mesmo desejando sair do lugar, tenhamos de amargar a estática e o repouso involuntários.

Wednesday, April 29, 2009

Sobre loucos e respostas injustas

Ninguém entra numa via de trânsito rápido pra andar devagar. No eixão é assim: você entra e acelera. Todo mundo anda quase na mesma velocidade, exceto alguns apressadinhos que saem a ultrapassar e cortar os demais carros, como numa corrida de loucos.
Eu estava tranquilo, andando no limite, assim como os que estavam ao meu redor. Sinto uma boa sensação quando vejo os carros rodando harmoniosamente, as rodas girando ao contrário-até o carro mais feio e velho pareceria bonito rodando suave numa pista lisinha e bem sinalizada aquela-quando pelo flanco esquerdo chega subitamente um vulto branco.
"Sai da minha frente que eu quero passar"- a música tocando lá na sala coincidentemente traduziu em palavras a atitude nada amistosa do senhor que sobre mim avançava. No susto, freei. Meu carro faz um som legal quando freia. Parece uma turbina desacelerando. Foi meu prêmio-consolação diante de tamanho desaforo. E quando pensei em esboçar um farol alto, já estava o Speed Racer do cerrado a muitos metros de mim, cortando outras tantas vítimas de sua pressa. Merecia aquele fanfarrão uma bela buzinada, pensei. Minha buzina, porém, ficou caladinha. Por um instante julguei-me um maricas, desses que levam o desaforo sem reclamar nem espernear.
Tendo o fatídico episódeo se desenrolado pela manhã, com o passar do dia esqueci-me de tudo aquilo. Há dias, no entanto, em que apenas uma situação de estresse não parece ser suficiente. Hoje foi um desses. Sendo, pois, já noite, eis que me atrevo pela terceira vez a sair de casa. E não importa pra onde eu vá, tenho sempre de passar por uma rotatória. Em tese, quem está no balão tem a preferência. Bem, não era assim que pensava o motorista que cruzou meu caminho. Outra freada apocalíptica. Dessa vez não deixaria barato. Na hora lembrei o que se passara de manhã, e aquele outro espertinho teve o troco: um bom e ofuscante farol alto.
Já rodando em ruas retas e prestando atenção em tudo, estranhava eu a escuridão incomum. Uma olhada rápida no painel... Tava sem farol. Que vexame. Talvez quem me cortou na rotatória não tivesse me visto... E fiquei a pensar sobre isso. No fim, talvez seja melhor sofrer um pequeno desaforo do que responder de forma violenta quando não se tem certeza. É em dias assim que a minha ignorância se mostra, e eu, vendo-a tão manifesta, tenho uma visão mais clara pra tentar diminuí-la antes de fechar os olhos.

Thursday, April 02, 2009

O bilhete e a mancha

Existem dias em que até quando alguém tenta me passar raiva, acaba me fazendo é bem. Sei que é difícil de acreditar, e eu também não acreditaria, não fosse o que aconteceu hoje.
Sucedeu que, depois de muito me exercitar na academia, dirigi-me ao supermercado a fim de comprar uns iogurtes e cumprir mais um passo da dieta diária. Parei meu humilde possante no estacionamento sem me preocupar muito, e quando fui pegar a carteira e sair do carro, o tato disparou o alarme de merda: o cantil de malto ficara aberto e molhara o banco do passageiro... Tava rosa o assento.
Sem mais me demorar, logo tramei comprar uns guardanapos pra resolver a parada. Guardanapos que não comprei, pois enquanto pegava os iogurtes, lembrei-me de também comprar uma lasanha, e esqueci-me completamente daqueles pequenos e salvadores pedacinhos de papel.
Lá ia eu, tranquilo, de volta pro possante, quando vejo uma senhora de semblante não muito simpático ajustando uma folha no meu pára-brisa. Ela me viu, entrou no carro e começou uma delicadíssima operação pra tirar seu pequeno automóvel da vaga ao lado. Qual era o bilhete? "Ver se aprende a estacionar direito e para de prender os outros". Sim, foi exatamente isso, escrito com pincel atômico vermelho e em caligrafia perfeitamente legível...
Veio então uma avalanche de perguntas que supitavam no calor da raiva que senti diante de tão famigerada provocação. Primeira: "quem essa mulher pensa que é?!"-Não sei. Segunda: "será que parei errado?"-Ehr... em cima da linha. Tecnicamente correto, digamos ("quem essa mulher pensa que é?!?!"). Terceira: "será que ela encostou no meu carro?"- e desci lá pra ver. Para a sorte de ambos, lá estava o possante, ileso em sua integridade e pintura.
Tirei aquele lindo recado, joguei-a perto dos iogurtes. Retornando à base, veio a incômoda lembrança do banco molhado e cheirando a morango. Prevendo a nada agradável reação de meus progenitores diante do fato e no afã de eximir-me da culpa, tirei logo a camiseta e tentei secar o suco com a camiseta enquanto dirigia. E não é que tava funcionando?
Camisetas são boas em tirar manchas, mas o que havia ali não era um simpels derramamento acidental. O líquido rosa já se havia bandeado pra dentro da dobra do banco, sendo que o tecido da minha singela vestimenta não mais podia alcançá-lo. Precisava de algo mais fino... Algo como um papel em que estivesse escrito um desaforopra mim!
E sim, aquele recadinho veio bem a calhar. Não houve mancha que a ele resistisse. O melhor de tudo é que a folha também se rasgou toda, molhada que estava. Resultado final: uma camiseta suja, um banco limpo, uma folha A4 aos pedaços e artificialmente tingida de rosa e um sentimento de raiva transformado em vitória. Não podia ter sido melhor...


Friday, March 27, 2009

Cumprimentos travados e pessoas-caramujo

Existe coisa mais constrangedora do que um cumprimento travado? Acontece comigo direto, e não é legal.
O fenômeno do cumprimento travado é particularmente comum quando se trata de saudar o sexo oposto. Fico só no beijinho ou dou um abraço também? Eu nunca sei, e a sensação que fica é a de um programa simples que travou no meio da execução.
A tentativa de consertar, seja ela prosseguir no abraço ou afastar-se com um sorriso, só piora as coisas. Isso porque nenhuma das possíveis ações numa situação como essa soa natural. Deve ser uma espécie de limbo das relações sociais, que dura até que uma conversa se estabeleça e possa se sustentar por si só.
Parece uma coisa simples de ser resolvida, e de fato o é. O problema é que pessoas-caramujo como eu pensam demais e esquentam com coisas que nem de longe são objeto de preocupação pro resto do mundo.
Por isso, resolvi adotar uma convenção: vou cumprimentar as moças primeiro com um beijo, depois com um abraço, necessariamente nessa ordem e sem pular nenhuma etapa. O diálogo começa e tudo fica em paz. A que ponto eu cheguei... Racionalizar um cumprimento?! Explico: mais vale um cérebro pensante que um coração constrangido.

Friday, March 13, 2009

Devaneios

Minha timidez me arrebenta. Já perdi tanta coisa por conta dela. Estou cansado disso. Não que eu queira me tornar um tagarela. Preciso apensas de uma dúzia a mais de palavras.
Quero ser diferente. Quero que as pessoas se sintam bem comigo, que não fiquem constrangidas. Já fui melhor nessa parte da vida, e hoje estou assim. Como vou arrumar amigos novos e manter os velhos desse jeito? Eu não sou um bom conservador, digo, conversador.
Será que eu tenho medo de gente? Às vezes penso ser esse o problema. Não pode ser... Que absurdo! Preciso de mais coragem também, a coisa não vai ficar assim. Preciso honrar o meu nome, preciso de mais firmeza e força.
Apesar de tudo, não me sinto mal. Há dentro de mim uma felicidade residual pela conquista da Matemática Financeira. Agora tudo vai ser diferente na Federal. Vou ficar orgulhoso de mim mesmo naquele lugar.
Na verdade, quero sentir orgulho de mim mesmo em todas as áreas da vida. Eu me importo com o que penso de mim mesmo, e não com o que os outros pensam. Ainda não está muito bom, e este 2009 está aí pra gente mudar isso.
E vai ser assim. Agora mesmo, quero que tudo se exploda, o que certamente não haverá de acontecer. Quero então ser uma pessoa melhor. Colocando dessa forma, parece até que é uma questão de escolha, sendo que na verdade se trata mesmo de uma questão de necessidade... E de tempo.

Saturday, February 28, 2009

Por uns metros a mais do chão

Ah, a rodoferroviária, um lugar nada amistoso e povoado de figuras estranhas, pedintes e viajantes. Por cinco minutos, tive a maravilhosa oportunidade de esperar o próximo ônibus que iria pra Goiânia, o qual só chegaria uma hora depois.
Passado aquele tempo pra lá de bacana, embarquei e capotei. Finalmente podia fechar os olhos e pensar na vida. Acordei no meio da viagem. Minhas pernas estavam reclamando por ficarem tanto tempo sem poderem se mexer.
Ajeitei-me como pude na poltrona, abri a janela. Minhas pernas ficaram mudas. Que beleza era aquela vista... Só conseguia prestar atenção naqueles morros de veludo generosamente salpicados de árvores e arbustos. Fazia tanto tempo que eu não viajava de ônibus que havia esquecido a sensação que sentia quando olhava pela janela: parecia mesmo um voo rasante.
Poder assistir a tudo passar de alguns metros a mais do chão, ver a curva do rio, contemplar o lugar em que ninguém sabe o que é chão e o que é céu. De carro não se pode fazer isso, principalmente quando se é o motorista. Você está ali, deslizando à toda por aquela serpente esguia e cheia de curvas, praticamente sentado no chão. Se olha pro lado, só vê o borrão verde dos matos que crescem à beira do caminho.
Pois eu digo que mais belos são os matos que crescem longe do caminho. Mais bonita é a água dos rios e mais interessante é o subir e descer dos morros perto do horizonte.
E eu poderia passar uma hora falando e falando do que vi e senti, mas não faria sentido pra alguém que nunca experimentou essa sensação. Poderia ter tirado uma foto, mas veja só, fiquei sem bateria '^^. Portanto, se não quiser ficar só na imaginação, tente um dia viajar de ônibus por um caminho que você já considera bonito de carro. Vale muito a pena. Apenas lembre-se de consultar os horários de partida e chegada, e escolha a janela.

Wednesday, February 25, 2009

Eu ando com problemas pra botar as ideias no lugar. Parece que meu cérebro tá inundado com pensamentos inúteis e emoções que não valem nada.
Como tem sido difícil pensar racionalmente, separando o fato da hipótese, o que aconteceu do que ainda vai acontecer. Eu me sinto impotente quando me vejo dependendo de outra pessoa pra me sentir confiante e feliz, e isso me dá nos nervos. Na verdade, sempre me esforcei pra não me importar com o que pensam de mim, mas existem momentos em que isso é simplesmente inevitável.
E agora tá sendo assim. É estranho ver minha auto-suficiência ameaçada. Logo eu, que sempre disse que estava muito bem, que não precisava de ninguém... Agora me vejo nessa situação desconfortável. Paguei língua. Ela, aliás, é uma questão central no meu dilema, mas fiquemos por aqui quanto a isso.
Meus amigos já estão cansados de me ouvir. Felizmente, são dotados de bons ouvidos e de alguma paciência. Dormir? Claro. Ainda não perdi nenhuma noite de sono pensando em uma solução para o problema, apesar de as expectativas me deixarem um tanto dividido sempre que encosto a cabeça no travesseiro.
Como se pode ver, também me é espinhoso dizer qual é o problema. É que não gosto de admiti-lo. Considero que posso me dar a tal luxo, posto que só entra aqui gente esperta e sabida, o que me preocupa por um lado, mas por outro me deixa mais livre pra falar de forma menos óbvia.
Minha maior birra com isso tudo é que eu sei que passa. Deve demorar uns bons meses, mas passa. Eu sei que passa, mas eu não quero que passe. Não em branco, pelo menos.

Wednesday, February 04, 2009

Segredos naturais

Sabe quando você conta alguma coisa a alguém, e acontece dela soltar aquilo na sua frente e na de um monte de outras pessoas? Uma revelação daquele assunto ou fato não era sequer imaginada, mas você não disse que era segredo...
Isso tem me acontecido bastante ultimamente. Será que escolho mal as coisas que quero contar aos meus amigos? Será que escolho meus amigos mal? Bem, ainda não tenho respostas conclusivas pra essas questões, e sempre me vem uma pergunta à caixola quando penso a esse respeito: precisamos dizer que algo é segredo pra que aquilo não se espalhe? Dito de outra forma, será que o tom e o tema de um diálogo não são suficientes pra que uma pessoa determine se deve ou não guardar aquilo pra si mesma?
Parece-me que entre dois cúmplices autênticos existe o que se pode chamar de segredo natural. Numa conversa de rotina, não é necessário dizer o que deve ou não ser comunicado a outras pessoas. Eles simplesmente sacam o que é conveniente permitir que outros saibam sobre seu interlocutor. E o mais duro é conseguir construir esse tipo de habilidade não somente com as pessoas do nosso círculo íntimo, mas também com aquelas que a gente vê uma vez na vida e só.
No fim, resume-se tudo a isto: discernimento. Talvez alguém possa nos dizer algo sem mencionar que tal é um segredo, mas o simples fato de o sabermos pode sinalizar que aquela pessoa confia em nós. Então, pense bastante no que vai dizer dos outros por aí, e se for alguma fofoca ou coisa degradante, esqueça. Quantos segredos naturais você deve saber? Quantos já revelou de si mesmo?

Wednesday, January 28, 2009

O magricela de ontem



Primeeeiro dia na academia, my boy! Finalmente resolvi minha vida, encarei minha magreza e decidi de vez que deveria dar um fim nela.
Já faz um tempo que eu penso em malhar. É que não gosto de ficar parado. Sempre me meti a fazer flexões, pular corda e correr, mas nunca tive a regularidade e a persistência necessárias pra manter essas rotinas por muito tempo. Agora, porém, espero que as coisas sejam diferentes. Não que eu esteja obcecado com a idéia de ficar fortão, mas bem dá pra melhorar o pouco que existe aqui.
E quando eu falo pouco, é pouco mesmo. Suei pra fazer algumas séries. Sabe quando você pensa que tá ruim, mas na verdade tá muito pior? Pois é, esse pensamento me ocorreu enquanto eu lutava pra levantar um peso, e por alguns instantes comecei a rir de mim mesmo ali, todo vermelho e esbaforido, morrendo por levantar um pesinho de nada. Péssima ideia rir enquanto se malha: a gente perde a concentração e sempre acaba dizendo um 'que merda' no final.
Depois, hora dos halteres. Academia é um bom lugar pra se sentir diminuído. Enquanto há os magricelas se matando pra levantar coisas pequenas, há também os grandalhões, cujo braço é da grossura da coxa dos magricelas, levantando coisas pesadas e parecendo não se importar tanto com isso, na maior naturalidade.
E quando eu não aguentava mais, abdmonais. Pelo menos a esses eu já tava mais acostumado. O saldo ao final de toda a série era um rapazola tão cansado e molenga que mal se aguentava em pé. Foi difícil alongar e ir embora, mas sobrevivi. Disseram que no começo é assim mesmo.
Também disseram algo que meu braço lembrou hoje de manhã: iria doer depois. Ainda tô acreditando que a dor faz parte do processo, e espero que seja sinal de saúde e progresso.
Começar coisas novas e que exijam esforço dá um trabalho. É mais um peso que a gente passa a carregar, esperando que um dia traga resultados. Por falar em peso, tá na hora de ir pra academia. Té mais!

Saturday, January 03, 2009

Cão abandonado

Eu estava um tanto relutante em admitir, mas a verdade é que mesmo solteiros convictos como eu têm seus dias de carência. É, bem de vez em quando eu acho que seria uma boa achar alguém que me completasse e tudo. O que me consola é que esses dias são raros.
É estranho como nesses dias muda alguma coisa nos meus circuitos, como se eu de alguém precisasse pra me sentir feliz. Dá aquela sensação de cão abandonado e sem ter pra onde ir. Fico a pensar em possíveis alvos, analisando os riscos, tudo pra no final não sobrar nenhum, porque com essa crise até o mercado de mulher anda meio escasso...
Mas quando o melodrama interno atinge seu ponto crítico, começam a pipocar na memória alguns pensamentos distraidores dessa situação tenebrosa. Distração é quase sempre um alívio, mas não dá pra dizer que foi dessa vez. Por exemplo, incomoda-me o fato de que a gente é capaz de aprender coisas, evoluir a técnica, mas quando o assunto é relacionamento, parece que continua sentindo as mesmas coisas de sempre, cometendo os mesmos erros. E não somente entre homens e mulheres, mas
entre seres humanos. Nunca aprendemos, parece que as paixões não deixam. Talvez seja essa a causa de todas guerras e dos problemas do mundo(e vamos parar por aqui)!
Muito bem, depois de tanta divagação e de umas saídas com os amigos, voltei ao estado normal e tranquilo, sem me preocupar demais em ter alguém que me complete. Pode ser que encontrar uma moça bacana me ajude a ser uma pessoa mais feliz, mas não que essa seja uma meta prioritária. Ainda gosto de ser sozinho.