Existem esperiências pelas quais a gente nunca passaria se algo não desse errado. Foi o que aconteceu hoje.
Meu chinelo de dedo arrebentou-se enquanto eu corria pra atravessar uma rua. É uma mania que eu guardo de recordação da minha infância. Peguei o par, resmunguei um "dane-se" e continuei sem eles. Assim, tive a oportunidade de andar algumas quadras descalço essa noite, experência tão simples quanto assustadora, considerando-se os padrões de higiene que me foram ensinados.
Parece óbvio, mas é sempre bom deixar explícito: andar descalço na rua é diferente de andar descalço em casa. Tão estranho quanto os olhares que recebi das pessoas foi a sensação de tocar o solo, sentir em detalhes a textura do asfalto, da calçada, da terra e da grama. Quanto a meus pés, a princípio apressados, logo trataram de andar num ritmo regulado, porém analítico.
Pude então sentir o que sentem os miseráveis, aqueles que mal podem cobrir seu corpo e não têm o luxo de ter qualquer proteção sob seus pés. Cada passo pra eles é mais um passo rumo à incerteza. Não sabem se irão se machucar, tampouco podem se garantir que é certo o caminhar em direção ao seu destino. Ao andar descalço na rua, aprendi a escolher melhor os meus passos e a atentar para meus sentidos.
Quando cheguei em casa, tão limpo estava o piso, e tãos sujos os meu pés, que cada passo virava uma pegada. Lavados os pés e limpa a casa, não pude fechar os olhos enquanto não organizasse as ideias sobre esse episódeo e aqui o eternizasse, para me lembrar sempre das lições que jamais aprenderia se tivesse um chinelo mais resistente.
Meu chinelo de dedo arrebentou-se enquanto eu corria pra atravessar uma rua. É uma mania que eu guardo de recordação da minha infância. Peguei o par, resmunguei um "dane-se" e continuei sem eles. Assim, tive a oportunidade de andar algumas quadras descalço essa noite, experência tão simples quanto assustadora, considerando-se os padrões de higiene que me foram ensinados.
Parece óbvio, mas é sempre bom deixar explícito: andar descalço na rua é diferente de andar descalço em casa. Tão estranho quanto os olhares que recebi das pessoas foi a sensação de tocar o solo, sentir em detalhes a textura do asfalto, da calçada, da terra e da grama. Quanto a meus pés, a princípio apressados, logo trataram de andar num ritmo regulado, porém analítico.
Pude então sentir o que sentem os miseráveis, aqueles que mal podem cobrir seu corpo e não têm o luxo de ter qualquer proteção sob seus pés. Cada passo pra eles é mais um passo rumo à incerteza. Não sabem se irão se machucar, tampouco podem se garantir que é certo o caminhar em direção ao seu destino. Ao andar descalço na rua, aprendi a escolher melhor os meus passos e a atentar para meus sentidos.
Quando cheguei em casa, tão limpo estava o piso, e tãos sujos os meu pés, que cada passo virava uma pegada. Lavados os pés e limpa a casa, não pude fechar os olhos enquanto não organizasse as ideias sobre esse episódeo e aqui o eternizasse, para me lembrar sempre das lições que jamais aprenderia se tivesse um chinelo mais resistente.