Sunday, November 04, 2012

Aprendendo a dizer não


Todos os dias à noite, chegando na faculdade, temos de nos deparar com meia dúzia de pessoas distribuindo folhetos de eventos e oportunidades. Contratadas pra isso, muitas delas nem dizem um “boa noite”, apenas empurram um folheto em nossa direção, dizendo implicitamente que peguemos aquele pedacinho de papel e sigamos nosso caminho.
Já quase colando grau, percebi que a maioria desses folhetos não tem qualquer utilidade para mim. No entanto, continuava pegando e só me dava conta de tamanha inutilidade quando estava ali, com o papel na mão. Aparentemente é o que quase todas as demais pessoas fazem, e basta dar uma olhada nas lixeiras e arredores da entrada para comprovar. Então me pus a pensar sobre isso. Por que pegamos algo que não queremos, mal lemos e depois jogamos fora?
Determinado a acabar com essa atitude submissa, comecei a traçar estratégias para não ter mais de encarar o desgosto de pegar papéis desnecessários. Em princípio, andava colado atrás de qualquer pessoa próxima, pra que ela pegasse o folheto e não desse tempo de me oferecerem um. Percebi depois que agir desse modo é ainda mais bundamolice do que simplesmente aceitar pegar um papel e depois jogá-lo no lixo. 
Finalmente, entendi que a melhor forma de não pegar papéis que não queremos é dizer “não, obrigado”. Surpreendentemente, essa atitude tão simples me encorajou a ter mais pulso e a ser mais resoluto no cotidiano. Recusar ativamente alguma coisa implica não só um punhado de coragem, mas também de amor próprio. Uma olhadela no que está sendo oferecido pode ser o suficiente para saber se aquilo será útil ou não. 
E para quem sempre pega os papéis, é certo que um pouquinho de educação não machuca ninguém. Há lixeiras coloridas ali, na entrada mesmo, pra descartar os folhetos. Se estiverem lotadas, não tem estresse: folhetos de divulgação não causam câncer; é possível segurar até um punhado deles por mais trinta segundos até encontrar uma nova lixeira, a dez metros ou menos da primeira, e permanecer saudável.
Não é que todos os folhetos sejam inúteis (alguns trazem coisas interessantes, até). No entanto, dizer não a essa publicidade – e a toda a sujeira que ela gera na porta da facul – tem  e feito muito bem. Quando alguém vem me oferecer eu faço mais ou menos assim: