Monday, May 30, 2016

Furada ou Firmeza



Que momento vivemos no País. Não há flores, mas também não há guerra. O fato é que a situação está um pouco difícil para quem quer arrumar um emprego, e fica ainda mais complicada para quem quer sua primeira colocação.

Nos livros de história a gente vê aquelas fotos antigas da crise de 1929, filas e filas de pessoas sem emprego com um pratinho de metal na mão, cenário desolador. Queremos pensar que aquilo não vai acontecer de novo, mas ligamos o jornal e vemos as agências de emprego cheias, filas e filas com expressões de abatimento. E pode não ser o pior momento ainda.

Que o diga particularmente a faixa etária de 18 a 68 anos. Pior ainda para quem quer o primeiro emprego, porque existe a cíclica questão da falta de experiência, que tem em seu cerne o problema ainda sem solução de toda a nossa economia: a falta de confiança. 

Confiança é uma sensação escassa em todo canto. Desde pequenos, somos ensinados a desconfiar de tudo e de todos. É basicamente um princípio básico de sobrevivência não aceitar balinha na porta da escola nem ajuda na boca do caixa eletrônico. Por causa do cotidiano e da violência, temos a ideia de que desconhecidos tem mais chance de ser inimigos do que amigos, e dependendo da sua localização nesse momento, não é uma suposição absurda. 

Mas qual é a influência dessa desconfiança generalizada no mercado? Bem, se não se pode confiar nos parceiros de negócio, as partes vão colocar menos dinheiro para circular e exigir mais garantias de que os acordos assumidos serão cumpridos. Essas circunstâncias levam a mais regras, a mais procedimentos burocráticos e a mais tempo consumido apenas para construir a mínima certeza de concretização, o que num cenário ideal deveria ser algo sem esforço. Ampliando o foco para o cenário nacional, dá pra ver que a desconfiança é um dos fatores que potencializam os efeitos da crise econômica que o Brasil vive hoje.

Felizmente existe uma solução chamada cooperação. Baseados nela, grupos podem deixar de apenas competir até a morte e cooperar pela sobrevivência de ambos, até porque, sejamos honestos, no mundo hoje tem pra todo mundo. No mercado essa ideia é conhecida como coopetição, e tem dado certo. Para isso, um dos fatores humanos envolvidos é o nível de confiabilidade das pessoas. Aqui entram aquelas ideias antigas de não pegar o que não é seu, nem puxar o tapete dos coleguinhas numa entrevista de emprego. 


Conceitos simples como esses forjam culturas, movimentam mercados e em alguma medida definem nosso nível de sucesso não só no emprego, mas também na vida como um todo. Se não podemos confiar em nós mesmos o tempo todo, podemos ao menos nos esforçar para melhorar nosso nível de confiabilidade, e assim errar menos. Mais acertos significam mais dinheiro no bolso, mais tempo para gastá-lo com quem importa e mais vidas longe de perigos desnecessários. Esse sim parece ser um bom negócio.