Thursday, May 22, 2014

Viva e deixe morrer

Como é do conhecimento de todo ser vivo desta nação, uma certa programaçãozinha está prevista para acontecer em junho e julho. Ora, não há qualquer objeção para à ocorrência de um evento no País, desde que esse evento nos respeite. Somos amigos, queremos interagir. 
Aparentemente, e digo aparentemente apenas para fins eufemísticos, a condição acima não foi cumprida. Muitas pessoas estão sofrendo duramente as construções e renovações que estão sendo feitas. Estou falando de gente perdendo a moradia, de gente tendo cirurgia cancelada e de gente perdendo aulas. 
Há tanta coisa errada acontecendo que não existe o menor clima pra fazer festa. Toda a comemoração pode rolar, mas nós não somos obrigados a festejar. Ou somos?
Espere aí, isso é interessante. Eis uma coisa que se pode fazer para ser civilizado: nada. Faça nada, meu fi. Fale nada. Esnobe a coisa toda, dê um gelo, deixe que morra de fome, de carência, deixe que toda a glória aventada seja para uns poucos sozinhos, ou seja, para ninguém. Não mencione, não gaste, não, não, não. 
Interessante seria deixar a indignação ecoar no silêncio, o dinheiro no bolso. Coisa linda seria deixar que os fogos arrebentassem em vão, como que anunciando vitórias vazias e nada envolventes. Sim, deixe morrer em todo seu esplendor, como aquela ex maluca que liga sempre e aquele bully chato da escola. Deixe o silêncio ensurdecedor da rotina e de uma vida melhor encobrir toda a firula que é ter o quintal de casa invadido por quem chegou chutando o cachorro, trocando a decoração e dando em cima da mulher. 
Sim, meu jovem, vai ter... Alguma coisa no salão. Não concorda? Simples: ignore. A resistência de fazer nada, porém, já vou logo dizendo, é difícil. Lembre-se apenas de que não é obrigado a aceitar algo só porque todo mundo aceitou. Quem calar nesses dois meses não estará consentindo, mas ignorando a brincadeira de mau gosto, e atualmente, é o melhor que se pode fazer.

Wednesday, May 07, 2014

A fraqueza do singular

De 18/06/2011

Hoje faz uma semana que aconteceu uma coisa horrível aqui perto. Uma garota foi violentada bem próximo da minha casa. Segundo o que li nos jornais, ela foi arrastada até o local, e enquanto era conduzida, esperneou e se debateu, mas ninguém que passou pelo "casal" a ajudou. Fiquei indignado.


A frieza da cidade me impressiona. Não sei se é porque tive a oportunidade de viver um tempo em bairros que tinham clima parecido com o de cidade pequena, ou se é apenas questão cultural do cenário cosmopolita, mas é o que consigo perceber. Estamos todos na correria, e mal sabemos o vizinho que temos. Os amigos a gente conta nos dedos de uma mão, e os inimigos já são tantos que se perde a conta em meio ao estresse de se manter vivo.


Não sabemos quem está do nosso lado e quem é contra. Estamos sempre preocupados em atingir algum objetivo, em responder a demandas e expectativas. O produtivismo tomou conta de nossa sociedade, e a um preço bastante alto.


Como seres independentes, células individuais e especializadas de um organismo, temos capacidade de trabalho e força pra fazer aquilo que queremos sem depender de ninguém. No entanto, estamos igualmente sujeitos aos solavancos da vida, fruto das boas e más intenções de quem igualmente busca seu modo de vida passando por nosso caminho.


Aprendo cada dia mais a dar valor às pessoas que estão por perto, não apenas por uma questão de proteção, mas principalmente para me sentir fortalecido e fortalecer quem está ao meu redor. Gostaria de ver uma sociedade menos militarizada, com menos gente morrendo por motivos absolutamente idiotas.


Sei que soa utópico esperar que as coisas melhorem, ainda mais com essa moda de tragédia que impera na cultura pop e nos telejornais. O histórico de guerras e conflitos revela que entender o outro nunca foi uma das maiores preocupações do ser humano. Seria demais desejar uma mudança nesse sentido?

Penso que não; só espero que não esteja sozinho.