Thursday, April 02, 2009

O bilhete e a mancha

Existem dias em que até quando alguém tenta me passar raiva, acaba me fazendo é bem. Sei que é difícil de acreditar, e eu também não acreditaria, não fosse o que aconteceu hoje.
Sucedeu que, depois de muito me exercitar na academia, dirigi-me ao supermercado a fim de comprar uns iogurtes e cumprir mais um passo da dieta diária. Parei meu humilde possante no estacionamento sem me preocupar muito, e quando fui pegar a carteira e sair do carro, o tato disparou o alarme de merda: o cantil de malto ficara aberto e molhara o banco do passageiro... Tava rosa o assento.
Sem mais me demorar, logo tramei comprar uns guardanapos pra resolver a parada. Guardanapos que não comprei, pois enquanto pegava os iogurtes, lembrei-me de também comprar uma lasanha, e esqueci-me completamente daqueles pequenos e salvadores pedacinhos de papel.
Lá ia eu, tranquilo, de volta pro possante, quando vejo uma senhora de semblante não muito simpático ajustando uma folha no meu pára-brisa. Ela me viu, entrou no carro e começou uma delicadíssima operação pra tirar seu pequeno automóvel da vaga ao lado. Qual era o bilhete? "Ver se aprende a estacionar direito e para de prender os outros". Sim, foi exatamente isso, escrito com pincel atômico vermelho e em caligrafia perfeitamente legível...
Veio então uma avalanche de perguntas que supitavam no calor da raiva que senti diante de tão famigerada provocação. Primeira: "quem essa mulher pensa que é?!"-Não sei. Segunda: "será que parei errado?"-Ehr... em cima da linha. Tecnicamente correto, digamos ("quem essa mulher pensa que é?!?!"). Terceira: "será que ela encostou no meu carro?"- e desci lá pra ver. Para a sorte de ambos, lá estava o possante, ileso em sua integridade e pintura.
Tirei aquele lindo recado, joguei-a perto dos iogurtes. Retornando à base, veio a incômoda lembrança do banco molhado e cheirando a morango. Prevendo a nada agradável reação de meus progenitores diante do fato e no afã de eximir-me da culpa, tirei logo a camiseta e tentei secar o suco com a camiseta enquanto dirigia. E não é que tava funcionando?
Camisetas são boas em tirar manchas, mas o que havia ali não era um simpels derramamento acidental. O líquido rosa já se havia bandeado pra dentro da dobra do banco, sendo que o tecido da minha singela vestimenta não mais podia alcançá-lo. Precisava de algo mais fino... Algo como um papel em que estivesse escrito um desaforopra mim!
E sim, aquele recadinho veio bem a calhar. Não houve mancha que a ele resistisse. O melhor de tudo é que a folha também se rasgou toda, molhada que estava. Resultado final: uma camiseta suja, um banco limpo, uma folha A4 aos pedaços e artificialmente tingida de rosa e um sentimento de raiva transformado em vitória. Não podia ter sido melhor...


9 comments:

Lorena said...

há males que vem para o bem =)

Anonymous said...

Não lhe conheço...mas presumo que seja alguém mto além de seu tempo.Parabéns pela originalidade!

Metáforas said...

Então...com certeza acompanharei os próximos textos.
Boa semana pra vc!

Thaysa Farias said...

hahaha...

Interessantes suas histórias!!

:)

. Gurgel. said...

HAHAHAHAHAH ( :

adorei a historia
; D

Thamiris said...

kkkkkkkk..mt bom!

Lê Cami said...

Um pouco mais e eu te chamaria de Pollyana! hahaha Dá-lhe o jogo do contente!

Bjok.

Helena said...

eahehaeha
euri XD
Para variar, mais um conto bem escrito...
adoroo³
;** bjao dan

Filipe Hagen said...

Cara, que história!! Que virada!! hehehe
Abraço e apareça!!