Wednesday, February 01, 2012

O legado que deixamos


Minha família perdeu recentemente uma pessoa muito querida, de quem todo mundo gostava. Tinha coração puro e olhos brilhantes, cheios de Paz. Foi um golpe duro, sentido e ressentido em Goiás e em Minas Gerais.
Vendo tamanha comoção no seio familiar, me pus a pensar sobre o que faz alguém sentir tanta falta de outra pessoa quando esta não se encontra mais entre os viventes. Por que alguns têm a morte pranteada e chorada à exaustão, enquanto outros sequer são notados ou lembrados?
Vão-se os dedos, os cabelos, os olhos, o corpo. Ficam os anéis, as roupas, os óculos e tudo o mais que restou. Objetos, no entanto, podem ser de outra pessoa. Mesmo os órgãos podem ser aproveitados e doados para um estranho necessitado.
Até onde a vista alcança, deixam saudades as pessoas que fizeram diferença para um mundo melhor, mesmo que esse mundo não tenha passado de um outro ser humano. Assim, o que fica da gente é o que fica nos outros. É a nossa influência, aquilo que fizemos de bom e de ruim a todo mundo. E é só.
No fim, o que fica da gente é só um pouco de alma. Alma que ficou aprisionada no coração das pessoas, que usaram um espacinho seu (voluntariamente ou não) pra guardar a lembrança do que fomos. Ter o legado preservado e lembrado, então, não é uma decisão consciente, algo como "quero que as pessoas se lembrem de mim". Talvez o mais importante seja realmente viver, aproveitar a intensidade de tudo.
Não digo se entregar aos prazeres e não se importar com mais nada, mas se dedicar àquilo e àqueles que nos fazem bem, buscar as coisas que queremos com amor e obstinação. Sim, porque, lá fora, a vida pulsa e explode em cores e rodopios, e existe muito o que fazer com um pouco de disposição.

Quanto a mim, não sei o que vou deixar de legado pra quem fica, até porque há muitas lutas pra administrar agora. Não que eu pense muito a esse respeito também - você vê, foram só algumas linhas. O que sei é que o exemplo de minha prima deixará lembranças boas, vívidas e duradouras em todos os que a conheceram. Vovó que o diga.