Monday, August 18, 2008

O vizinho

Hoje aconteceu uma coisa engraçada. Minha irmã me levou pra facul, porque queria ficar com o carro e resolver umas paradas que precisava pela manhã. No final da aula, ela não pôde me buscar, então tive de voltar a pé pra casa.
Brasília definitivamente não é uma cidade feia. Apesar da secura dessa época do ano, o caminho que eu fiz era bem bonito e cheio de coisas interessantes pra ver. A uns dez passos à minha frente, ia um garoto da minha idade de mochila nas costas, vestido casualmente. Ele deu uma olhada pra trás e continuou seguindo.
Quando ele foi pra esquerda, eu fui pra direita. Passamos por um bloco comercial e atravessamos a W3. Quando entrei na 308, vi que ele ainda estava na minha frente. Parecia que a gente ia pro mesmo lugar, mas julguei ser precipitada tal suposição.
Beleza, passamos pela 308, depois pela 108, e chegou a hora de atravessar os eixos. Como nenhum de nós parecia muito disposto a encarar as passarelas subterrâneas, aventuramo-nos na travessia. Eu nunca havia corrido como um louco pra transpôr e eixão antes, e, cara, foi menos assustador do que eu esperava, embora não menos perigoso, talvez.
Como demorei um pouco mais na aventura das pistas, o carinha ficou à frente de novo uns dez passos, mas eu nem tava me importando. Passando pelos blocos aqui da quadra, ele foi reduzindoa marcha. Quando cheguei ao meu prédio, veja só, descobri que ele também morava aqui. Fui pra entrada da esquerda, e ele pra da direita. Não falamos uma palavra um com o outro, e eu nem mesmo lembro o semblante do rapaz. Mas achei incrível como o anonimato e o isolamento em nós mesmos pode tornar qualquer coincidência um fato digno de reflexão. Ah, se pelo menos a gente pudesse confiar mais nas pessoas...

Wednesday, August 13, 2008

Mulheres, abelhas e chocolate

(Atençao: este post pode soar ofensivo ou machista. Se você, mulher, tem estresse crônico, é feminista, ou apenas gosta de implicar, sinta-se livre pra pular a leitura)
Bem que eu nunca duvidei que o ser humano é um bicho como outro qualquer, mas hoje vi umas coisas que realmente me deixaram surpreso quanto ao grau de semelhança. Tava asistindo ao nem sempre útil Discovery Channel e descobri que as mulheres têm muito mais em comum com as abelhas do que os olhos grandes, o visual bacana e o ferrao.
Já viu que abelhas nao tao de brincadeira, né? Nao pode dar mole, senao leva picada. Elas estao por quase toda parte nos importunando, entrando em nossos refrigerantes e ajudando o mundo a ser um lugar mais ahm... sonoro e colorido, mas também fazem o mel que todos nós amamos e queremos.
Dizem que o jeito mais fácil de acalmar abelhas loucas pra deixar alguém dolorido é usando fumaça, porque as deixa confusas. Entao elas vazam pra colméia, se empanturram de mel e ficam de boa. A partir daí, a probabilidade de ser picado tentando roubar mel diminui!
De volta ao mundo dos seres humanos, repara só na livre associaçao. Imagina a fumaça como alguma confusao qualquer pra uma mulher. Nessa situaçao, o que ela faz? Ela vai pra casa, e chama as amigas. Em casa, elas ficam conversando potoca da vida alheia e comendo a mais fina iguaria que há pra qualquer mulher no mundo: chocolate. E depois de muito tramarem sobre suas situaçoes delicadas e se entupirem de chocolate, como que por mágica ficam calmas. Nao diria calminhas, mas pelo menos agora nao querem matar ninguem(nao no curto prazo, pelo menos).
A conclusao ao final destas breves observaçoes nao é muito diferente do que já estava no início: nós seres humanos somos bichos, como quaisquer outros. E antes que vocês, moças, fiquem iradas e parem de ler, quero dizer que nós, homens, nao somos mais inteligentes nem muito diferentes das senhoras. Só nao achei ainda uma analogia pertinente, mas com tanto bicho doido por aí, nao vai faltar comparaçao bizarra. Mas antes de começarem a maquinar, por favor, comam um chocolatezinho básico. :)

Tuesday, August 12, 2008

Teoria da Conserva Emocional

Tava vendo Malhaçao esses dias (sim, podem me zuar, pessoas cultas e soberbas que nao assistem a novelinha ;)) e aí tava rolando uma briguinha de casal, só pra variar. Parece que, depois de anos de casamento, a mulher virou pro marido e disse que era mais feliz e livre longe dele. Entao pensei comigo: "como pode ser isto?"
Tudo bem que eu nao sou o cara mais otimista que os senhores conhecem nesta área da vida, mas, véi, que coisa bizarra eu achei. Digo, como assim nao ama mais? Que coisa absurda, disse comigo. Entao comecei a me lembrar das minhas experiencias e das que já vi de perto, de longe e de relance.
Quando eu era criançola, tinha uma visao mais poetica do mundo. Até a 7a série eu achava que todo mundo tinha um par perfeito, uma cara metade que fosse unha e carne e que fosse mais natural com tempo do que a própria sombra do indivíduo. Bem, isso mudou depois de uma ida ao cinema e de eu nao ver o filme.
E o que eu aprendi depois nao vai em sentido contrário. Parece-me que esse lance de amor tem prazo de validade, da mesma forma que um enlatado em conservas que a gente compra no supermercado ou vidro de azeitonas verdes. Alguns duram a vida toda. Outros duram três dias. Se eu acreditasse em sorte, diria que é puramente na cagada que a gente encontra alguém pra vida inteira, mas ando muito pessimista pra isso.
Maior bizarrice do que essa foi só quando descobri que a Teoria da Conserva Emocional também é regida pelas trocas de calor emocional. Explico: na geladeira, os alimentos duram mais do que se estivessem expostos ao calor natural. Notei algo semelhante nos meus dilemas e paixonites até hoje.
Repara só: houve sentimentos que duraram anos sob uma troca controlada. Elas me chamavam de frio, mas ainda gostaram de mim por anos. Quando resolvi bancar o cara legal, que todo mundo diz pra gente ser, veja só, a coisa estragou rapidinho. Quando resolvi bancar o romântico, ainda mais rápido ocorreu a degradaçao, em questao de dias. Quando aconteceu foi uma merda, mas observando agora, tô achando até interessante.
Certo, muitos de vocês devem estar pensando que eu sou um doido varrido por pensar tantas coisas assistindo a uma cena de novela. Mais que isso, me julgando o cara mais mal amado que há sobre a face da Terra. Mas considerando tudo que eu disse até agora, eu realmente nao me importo muito quanto a ser mal amado. ;)
P.s.:post realizado de um note gringo. Perdoem a falta do til.

Tuesday, August 05, 2008

O singelo flautista

Estava eu descendo as escadas pra buscar um cartucho de tinta ali na comercial, quando pela minúscula janela entrou uma melodia delicada, soprada pelo vento. Era o som de uma flauta, subindo pelo ar e inundando os ouvidos de quem quer que estivesse perto dali.
Naturalmente, fiz aquela flexão e meti a cabeça na janela pra ver de onde vinha aquela maravilha. No começo, até achei que era uma gravação e me julguei retardado por estar ali querendo saber de qual apartamento vinha a música. Depois, porém, o timbre ficou tão cristalino que deu pra perceber que não era gravação: tinha alguém tocando uma flauta por ali.
Quando cheguei ao térreo, já me havia esquecido da flauta e de tudo o mais. Fui lá na lojinha, catei o cartucho e voltei. Subi as escadas, milhões de pensamentos esvoaçando na cabeça como folhas cadentes no vento.
Abri a tampa da impressora, o cartucho na mão e no jeito pra ser colocado. Eis que o som da flauta veio de novo, mas desta vez com um suave eco. Comecei a ficar bêbado com a música de novo e meus pés andaram até a janela sem que eu precisasse mandar. Foi aí que vi, passando pela quadra e tocando sua flauta, um homem simples, de chapéu na cabeça. Seu passo não era nem rápido, nem devagar. Não parecia estar pedindo nada. Também não sei dizer se tinha rumo aquele sujeito. Só sei que fez um bem danado pros ouvidos e corações que sua melodia alcançou pelo caminho.