Tuesday, August 05, 2008

O singelo flautista

Estava eu descendo as escadas pra buscar um cartucho de tinta ali na comercial, quando pela minúscula janela entrou uma melodia delicada, soprada pelo vento. Era o som de uma flauta, subindo pelo ar e inundando os ouvidos de quem quer que estivesse perto dali.
Naturalmente, fiz aquela flexão e meti a cabeça na janela pra ver de onde vinha aquela maravilha. No começo, até achei que era uma gravação e me julguei retardado por estar ali querendo saber de qual apartamento vinha a música. Depois, porém, o timbre ficou tão cristalino que deu pra perceber que não era gravação: tinha alguém tocando uma flauta por ali.
Quando cheguei ao térreo, já me havia esquecido da flauta e de tudo o mais. Fui lá na lojinha, catei o cartucho e voltei. Subi as escadas, milhões de pensamentos esvoaçando na cabeça como folhas cadentes no vento.
Abri a tampa da impressora, o cartucho na mão e no jeito pra ser colocado. Eis que o som da flauta veio de novo, mas desta vez com um suave eco. Comecei a ficar bêbado com a música de novo e meus pés andaram até a janela sem que eu precisasse mandar. Foi aí que vi, passando pela quadra e tocando sua flauta, um homem simples, de chapéu na cabeça. Seu passo não era nem rápido, nem devagar. Não parecia estar pedindo nada. Também não sei dizer se tinha rumo aquele sujeito. Só sei que fez um bem danado pros ouvidos e corações que sua melodia alcançou pelo caminho.

5 comments:

Anonymous said...

so uma coisa a dizer : amei!
;)

Anonymous said...

E olha q pra atravessar "o muro", o flautista deve ser muito bom.
Parabéns pelo texto, ficou muito bom!
Bj e UTA.
=)

Filipe Hagen said...

Muito bacana o texto!!
Às vezes é bonito 'levar a vida na flauta'!!
Abraço!

Anonymous said...

os tipos de sons são infinitos, mas há àqueles que nos agrada mais, por exemplo, o barulho da chuva é muito singelo, mas eu amo! também tem o barulho da brisa, que suavemente faz com que folhas e galhos batam uns nos outros (...)
Ademais, os sons produzidos por nós, seres humanos, desperta sensações indescritíveis, que é variável de pesseoa para pessoa. Eu, por exemplo, adoro uma "musiquinha" instrumental, pra mim, não há outra que me faça viajar tão confortavelmente.
No exato momento em que consegui abrir sua pagina, estava ouvindo esta música:

Leaving the Docks.

http://www.lastfm.com.br/music/Zbigniew+Preisner/_/Leaving+the+Docks?autostart

E acho que caiu muito bem com a leitura.
É encantador o que os a música pode fazer!

ps: neste site a música não se encontra na integra. depois te envio ela inteira.

Henrique Monteiro Alive said...

Como diria Dumbledore (sim, sou viciado em Harry Potter), a música é um dos mais belos encantamentos já conhecidos.