Saturday, November 20, 2010

Não pode parar

Tirando as teias de aranha, sacodindo poeira daqui e dali. Abandonada esteve esta parte de minha vida por sabe-se lá quantos meses (oito, talvez). Mas fiz uma promessa pros poucos seguidores que restaram, então cá estão retomadas as atividades do blog.
Não tenho muito a dizer agora. Estou perto de acabar um dos meus cursos, e apesar de estar um pouco relaxado agora, tenho sempre a sensação presente de que não se pode dar mole pra tranquilidade.
Nunca tive tão clara a noção de passagem do tempo como agora. É como uma névoa que passa muito rápido. Mesmo as segundas feiras passam rápido. Os trabalhos, às vezes chatos e mesmo sendo muitos, passam rápido. Até as mancadas estão voando. Minha barba, sinal antes incipiente de que meu corpo quer ser adulto, está crescendo freneticamente, como se a próxima lâmina fosse a última.
Quer seja isso algo bom ou ruim, vejo que muita gente tem consciência, mas temo que estejamos rápidos demais para pensar em pensar sobre a vida. É como um carro que, depois de atingida certa velocidade, perde a direção e os freios. Bizarro é que quem não dispara na correria acaba sendo alcançado por algum moinho ou bala violenta. E ver outros em parelha, na mesma toada, só torna as coisas mais assustadoras.
Estranho, parece que tem tanta coisa que quero fazer, mas acho que não vou ter tempo de fazer a metade. Ver o progresso de tudo e não poder parar pra observar chega a ser tantalizante. Mas é melhor parar de reclamar e seguir em frente. Afinal, esse post foi pra tirar a poeira. Melhor voltar a correr antes que minhas pernas esfriem.

Monday, March 08, 2010

Meu primeiro livro


Meu primeiro livro saiu do forno! Tá legal, não é bem um livro, é uma coletânea de todos os meus textos do blog. Não que eu tivesse programado tal coisa ou mesmo disso soubesse. Papai e mamãe que fizeram tudo e pensaram na idéia de colocar tudo no papel. Ser escritor, se é que posso dizer, mesmo que por hobby e esporadicamente, nunca foi um sonho. Não que eu seja avesso ao rótulo. Apenas nunca foi uma prioridade. Talvez por isso eu só escrevo quando sinto vontade, quando acontece alguma coisa diferente e a centelha da imaginação dispara "isso daria um bom texto!". No entanto, mesmo que o ato de escrever seja sem maiores pretenções e algo amador para mim, não posso negar que aqui existe um bom pedaço de mim e da minha vida. Às vezes me parece até megalomaníaco o pensamento de ter um livro escrito e impresso, mas agora que está bem aqui, na minha frente, dou-me ao luxo de sentir certo orgulho. Nada de exageros, apenas o bastante pra ficar entusiasmado e seguir tentando me superar em todas as áreas da vida.

Thursday, February 25, 2010

Diplomacia familiar

Há muito tempo, havia um pequeno muro que dividia as áreas da minha vó e da minha tia. Tinha apenas 1,5m, foi feito pra que as pessoas pudessem ver do outro lado.
A construção, no entanto, já parecia não resistir ao teste do tempo, como eu e meus primos constatamos por meio de insistentes chutes voadores. O muro tremia, e parecia prestes a cair.
Eis que certa feita, mais determinados que de costume, começamos nossa tortura ao muro quando uma rcahadura apareceu. Vovó, intrigada com a balbúrdia dos moleques, também se achegou para pô-lo abaixo. E não há descrição que relate com fidelidade a alegria que sentimos ao ver a parede encardida envolta em poeira e bichos espatifar-se no chão.
Quem não gostou nada, porém, foi minha tia. Ela gostava do muro! O muro era importante para que nosso futebol arte não arrasasse suas plantas. E também, o muro caiu pro lado da área dela, sendo que nenhum demolidor restou depois da travessura pra ajudar com a limpeza.
Indignada, limpou toda a sujeira. Em menos de uma semana, eis que surge um novo muro, mais grosso, indo até o telhado, pintado na mesma cor da casa dela.
Parece-me, afinal, que não existem tantas diferenças entre um muro divisor de alpendres e uma fronteira internacional. Atitudes impensadas, interesses a proteger e negociações para tudo estão bem debaixo dos nossos narizes, são características das relações humanas. O jogo de forças que faz os países se mexerem ou estagnarem é o mesmo que define se um portão elétrico deve ou não ser instaldo. As proporções e a complexidade dos dois casos não podem se comparadas, mas a mecância social é a mesma.
Ora, se até dentro da família a gente tem problemas de convivência, pergunto-me se a paz mundial não é uma utopia. Bem, é um assunto deveras sério pra ser pensado em poucas linhas. Mas o muro caindo é uma boa lembrança e ainda me faz pensar...

Monday, January 04, 2010

formspring.me

porque você simplesmente desapareceu?

Eu não desapareci. Espera aí, de onde?

ja amou?

Não assim, no passado. Amo agora.

Ask me anything

A Palavra e o vento

Domingo é dia de ir à igreja aqui em casa. E não se vai pra igreja sem a palavra de Deus, a bíblia. Eu tenho um histórico de esquecimento de bíblias bastante vasto, mas digamos que ontem eu tenha levado a minha de um jeito nada ortodoxo.
Enquanto o sol se aninha no horizonte, eis que a família se apronta para ir ao culto. Passamos no castelo amarelo pra pegar a princesa. Perto dos castelos sempre há monstros. Enquanto esperávamos, eu e meu pai descemos e começamos a conversar sobre uma moto frankenstein que ali havia. Tal qual a personagem da ficção, aquela criação tinha peças de várias de suas semelhantes, nem sempre colocadas de forma harmoniosa. Mas tinha bons freios.
A princesa chegou, todos a bordo, lá fomos nós. Mal começamos a andar e ouvimos o som que ninguém gosta de ouvir: o da buzina do carro de trás. E ninguém entre nós se deu ao trabalho de olhar, posto que se tratava de grande rudeza, exceto eu. Uma senhora gordinha e de rosto fechado acenava de forma intermitente com o gesto que em outras circunstâncias poderia significar "passe por cima!". Estando ela atrás, porém, não entendemos aquilo e pensamos que ela estava apenas querendo não ser legal com a gente.
Continuamos nosso caminho para a casa de Deus, almas cândidas e serenas, quando de novo soa a buzina para nós. Surge ao nosso lado um motociclista em sua galante moto, óculos escuros, todo de preto. Acho que disse algo assim:
- Ei! Tem um livro em cima do porta-malas!
E quando olhamos todos, a surpresa: lá estava a bíblia. A minha bíblia. Alguém a colocou no porta-malas enquanto falava da moto frankenstein (e não foi meu pai). Lá estava ela, pegando um ar, parecendo não se importar com o ventinho. Paramos como deu, o resgate aconteceu sem maiores problemas e seguimos nosso caminho.
Pois é... E a senhora gordinha estava apenas sendo legal em nos avisar... Se eu fosse bom em julgar as pessoas como sou em esquecer minha bíblia, provavelmente não precisaria ir à igreja.
Tal episódio, por fim, me fez respeitar três coisas: a aerodinâmica dos sedans(no terceiro volume parece não haver quase nenhuma resistência do ar), o processo de fabricação das bíblias(feitas pra aguentar tudo, inclusive esquecidos contumazes) e o peso da Palavra(vento nenhum leva embora).