Wednesday, February 03, 2016

Clã das Agulhas Voadoras


Imagine que o Brasil tenha entrado em guerra contra um país por demais inteligente. O inimigo, num golpe de genialidade, colocou em produção uma arma extremamente perigosa e fácil de se produzir. São pequenas agulhas que caem como chuva sobre os centros urbanos, identificando, perseguindo e atingindo pessoas com diversos tipos de doenças, algumas delas incapacitantes. Sua eficácia é tão alta que conseguem operar na escuridão total e sob altas temperaturas, sem falar na habilidade de suportar privação de condições básicas de funcionamento por até um ano.
Se é difícil imaginar um cenário assim, basta procurar um noticiário para perceber que esses drones malignos estão por toda parte, sendo mais popularmente conhecidos como mosquitos. Sim, eles são as agulhas-teleguiadas-voadoras-envenenadas que nos atacam cotidianamente. Milhões de vetores da dengue, do zika e da chikungunya nascem todos dias e outros milhões são larvas famintas prontas para criar asas e perpetuar o caos hoje presente.
Já é aterrorizante o suficiente? Pois espere até eu dizer que os principais alvos, ou seja, os seres humanos, não parecem muito preocupados em combater um inimigo tão pernicioso. Muitos inclusive tem entes queridos que já sofreram os males das doenças, e estão por aí, tomando conta das miudezas de costume, sem imaginar que sua inércia fortalece o lado daqueles não se importam em tentar destruir o que há de mais importante em nossas vidas. Sim, porque mosquitos não ligam se vão contaminar e matar gente; eles só querem nosso sangue, o que faz deles psicopatas em potencial, mas isso é assunto para outro dia.
"Nossa, que coisa mais dramática", é de se dizer. Bem, a Organização Mundial de Saúde também pensa assim, tanto que declarou o vírus zika uma ameaça mundial. E para adicionar mais drama a essa tigela já transbordante, eis o gif que ilustra este post: é a imagem microscópica do que acontece quando um mosquito pousa na gente. Ele revolve cuidadosamente sua pequena boca acicular dentro da pele, até encontrar um capilar e dali tirar seu alimento.
O ato de chupar nosso sangue em si não é um problema para nós brasileiros. Temos outros parasitas maiores, também psicopatas, que há muito fazem a mesma coisa. No entanto, estamos falando aqui de transmissores de doenças, propagadores de prejuízos financeiros, temporais e biológicos. Deus não deu asas às cobras, mas as deu aos mosquitos, e por conta desses pequenos artrópodes voadores superadaptados, muitas pessoas estão hospitalizadas, não poucas morreram, e outras tantas que ainda nem nasceram terão consequências severas durante seu tempo de permanência na Terra. Culpa dEle? 
É claro que não. O choro culpando o governo também é livre. E sim, há muito do que reclamar, mas o fato é que essa é uma batalha de pequenos contra pequenos. O ministro da saúde não vai entrar na casa de ninguém com a raquete na mão caçando mosquito. São as atitudes diárias que vão determinar quem sobrevive, e aqui entra a vigilância ativa e periódica da casa, do lote, da rua. Toda água parada deve ser considerada suspeita até prova em contrário. Nem preciso dizer que o descarte correto de resíduos é uma necessidade do processo todo.
Citei apenas algumas doenças nesse post, mas os mosquitos passam muitas outras e já estão entre nós faz um tempo. É responsabilidade de cada um manter seu patrimônio em ordem, sob pena de ser obrigado a tolerar o triste quadro em que nos encontramos e de ouvir a caçamba cheia de abobrinhas que as ditas autoridades querem despejar no nosso alpendre mental. Deixou de ser apenas presente para ser futuro -  o presente dos futuros decidido na batalha contra um inseto. 


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