Wednesday, July 15, 2015

Dar e Receber

"Mais bem aventurado é dar do que receber". Só essa frase do Senhor Jesus já dispensaria toda a história contada abaixo, mas é bom ter um exemplo na vida.
Ano de 2010, Dia dos Namorados. Eu era um namorado atento e apaixonado, e sabia exatamente o que seria o presente da menina. Fui ao shopping já sabendo o que e onde comprar. Preparei uma cartinha, umas flores e uma embalagem. Dei.
Era uma jaquetinha jeans, dessas que acabam antes da cintura e servem mais ao estilo do que ao conforto térmico. Pude ver seus olhos se iluminando e seu rosto se abrindo em um sorriso bonito. Ela gostou! "Missão cumprida, rapazes! Belo trabalho", dizia o cérebro ao restante do corpo em meio aos muitos beijos e abraços daquele tempo.
Não é ótimo quando você ganha alguma coisa que queria muito? Pois tenha certeza de que quem te deu achou muito melhor. É mais legal dar o presente do que receber um. Falo, contudo, daquela enorme satisfação que se sente quando se dá um presente certo, aquele arrancador de sorrisos. 
Quando damos um presente bom, e por bom não digo necessariamente caro, significa que fomos bem sucedidos no exercício constante de memória e atenção existente em qualquer relação importante para nós. Há quem dê presentes caríssimos sem nada dentro, como que querendo comprar a afeição de uma pessoa.
Agora, timing é uma coisa importante. Certa feita tive aulas com um professor que dizia não dar presente em datas comemorativas. "Acho vazio de sentido, prefiro presentear quando tenho vontade. Aí é aquela comoção...", dizia ele arregalando os olhos e abrindo os braços.
E aqui já entramos num nível mais profundo da arte de mimosear: fator surpresa. Muito mais avançado em termos de memória, não é essencial, mas vale a investida. Quer seja uma paçoca, quer seja um chaveiro ou qualquer outra coisa, um regalo assim no contrapé pode dizer de forma muito eloquente que alguém é lembrado de forma especial.
Se uma mixaria ou não, se programado ou de supetão, é claro que vamos errar na lembrança também. Mesmo usando todo o recurso mental disponível e recordando coisas importantes, nem sempre somos felizes na hora de oferecer alguma coisa. E tudo bem. Bem aventurados são os que tem tempo pra tentar de novo, quem sabe com melhor sorte da próxima vez.
Quem me vê escrevendo sobre isso deve pensar que eu sou o maior presenteador destes trópicos. Longe de ser alguém tão pródigo, eis aqui apenas uma lembrança de que pequenos e bem colocados carinhos cotidianos podem ser muito valiosos quando a intenção é demonstrar que alguém é importante. Sem o elemento humano, o presente caro perde a graça; com ele, o preço não importa, apenas o valor.

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